A MULHER ETÍOPE E A MULHER MARROQUINA DO SÉCULO XVI E XVII: UMA REFLEXÃO

A MULHER ETÍOPE E A MULHER MARROQUINA DO SÉCULO XVI E XVII: UMA REFLEXÃO

Marilene Neves de Oliveira
Pós-Doutor José Rivair
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Pós-Graduação-Lato Sensu/História e Cultura Afro-Brasileira


RESUMO

O presente artigo trata de uma reflexão sobre a mulher africana de um contexto geral e uma reflexão da diferença cultural da mulher etíope e a mulher marroquina. Mesmo sendo do mesmo continente africano suas diferenças são notadas no seu meio social. Enquanto que uma é guerreira a outra é pacata e submissa sem muita expressão.


Palavra-chave: África de 1500-1800; A Mulher Etíope; A Mulher Marroquina.


1 INTRODUÇÃO

O continente Africano por ser um vasto território com diferentes países tem se mostrado uma diversidade com expressividade própria. Se tratando da cultura podemos destacar a diferença entre a mulher Marroquina do norte da África e Etíope na região oeste da África.


2 ÁFRICA DE 1500- 1800

Em 1500 a maior parte das sociedades Africanas era independente do resto do mundo suas relações com outros continentes eram mínimas. Em 1800 esse panorama mudou como diz o texto a seguir:

[...] 1500-1800 foi crucial para as formações sócio políticas do continente. É nesses três séculos que a maior parte dos habitantes das diferentes regiões da África se reagrupou para formar os conjuntos sociais, econômicos, religiosos, culturais e políticos que consistem os povos africanos de hoje, [...] Em 1800, uma grande parte da África estava integrada aos circuitos comerciais mundiais que a ligavam estritamente a Europa, á América e á Ásia. Este processo de integração fora facilitado pelo aparecimento do continente de novas comunidades, como os colonos Holandeses na África Austral, os Portugueses em Angola e na Costa leste e os Otamonos no Egito e no Magreb. Numerosas sociedades Africanas tiveram então que mudar progressivamente seu modo de vida, ou se deslocar, ou as duas coisas ao mesmo tempo. (HISTÓRIA GERAL DA ÁFRICA, VOL. V, P. 1057-1058)



Como vemos neste comentário que a influência de culturas estrangeiras afetou o modo de vida dos africanos colonizados. Em diferentes pontos da África vamos encontrar culturas diferentes, por exemplo: a ocidental, a asiática e a que permanece em sua cultura original ainda que sejam poucos.


2.1 A MULHER AFRICANA DA ANTIGUIDADE

A mulher africana na antiguidade se mostrava participativa em todo o contexto social e político. O sistema matriarcal conduzido na África antiga o mais conhecido.

Destacando a diferença da mulher que vivia ao norte da África pela a influência do Islã. O sistema social é o patriarcal, sendo a mulher submissa ao marido, ao pai ou a um irmão mais velho.

Na crença Banta a mulher é considerada misteriosa por sua constituição física e espiritual, sendo respeitada, querida e estimada.

“A mulher, considerada como a criatura mais misteriosa e insondável, está intimamente relacionada com a “escuridão” e a “noite”[...] (ALTUNA, 2006, p. 596)

Citamos o exemplo de Angola do século XVII. Com a participação da rainha guerreira do povo Mbundu, “Nzinga Mbandi”.

Não sendo assim no período em que os europeus e portugueses comercializavam os africanos via atlântico. Onde esse destaque da mulher africana desacelerou e inibiu seu crescimento.


3 A MULHER ETÍOPE SÉCULO XVI E XVII

Na Etiópia, a pessoa do sexo feminino tradicionalmente não se permitia herdar terra, isto, a menos que o pai morresse antes da filha se casar ou então, caso não existissem herdeiros do sexo masculino no seio da família. Por outro lado, as mulheres tornavam-se habilitadas a reclamar propriedades quando serviam no esforço de guerra. Assim, por caminhos inusuais, a habilidade das mulheres em participar na linha de frente suscitou, deste modo mudança relativa a seu baixo status social. (REVISTA ÁFRICA-AFRICANIDADE, ANO 3, NÚMERO 9, 2010)


Podemos considerar que a mulher Etíope do sec. XVII teve seu papel participativo. Como guerreiras, rainhas e princesas. Diferenciando o papel das mulheres européias do mesmo século. As européias representavam ser mais doméstica e sujeitas. Um modelo de sociedade patriarcal.

Entre todas podemos destacar A Rainha Yodit; A Rainha Eleni esposa do Rei Zere de Joqob; A Rainha Worqitu. Esses são alguns exemplos de historiadores


Não era necessariamente voluntária. Movidas pelas necessidades de adquirir terras, pois, não lhe era permitida herdar. Por outro lado quando participavam das guerras exigiam seus direitos.

[...] um número significativo atuou como soldados, estrategistas, conselheiras, tradutores e membros da inteligência. Mulher vindas da aristocracia trabalhavam juntamente com servas e criados, quebrando deste modo as normas de separação das classes. (idem, REVISTA ÁFRICA)


4 A MULHER MARROQUINA

A diversidade cultural do continente africano é imensa assim como seu território. O norte do continente africano tem o Marrocos como exemplo de mundo islâmico.

“como a história e a geografia, o Islã é um pilar da cultura marroquina. O Islã foi introduzido no Marrocos em 712 e desde então se tornou a religião oficial do Estado”. (SIDIQI, 2008. p,6)

Desse ponto de vista podemos ver a diferença entre a mulher etíope e a marroquina. Sendo ambas da mesma África.

Destacamos diferenças entre elas na participação da mulher na sociedade. As mulheres marroquinas sujeitas pelo Islã o seu sistema patriarcal. Sem participação ativa na administração do estado.

“O sistema patriarcal é construído sobre a exclusão das mulheres dos espaços de poder público e pela sanção de todas as formas de violência física e moral contra elas nestes espaços. A liberdade das mulheres é vista como desafio à fábrica social e ao status quo masculino”. (idem. SADIQI)


A influência do Islã também acontece na madeira do vestir das mulheres. Usando a tradicional burca que lhe cobre toda a aparência externa.


5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Podemos relatar nas considerações finais que há muito que estudar sobre a mulher do continente africano. Neste presente artigo falamos apenas de dois tipos de mulheres. Sendo o continente Africano vasto em território e países que alcançaram o desenvolvimento e outros que ainda vivem no passado. É neste passado tanto deste como daquele que se desenvolveu é que nos falta o conhecimento de como viviam as mulheres, em sociedade, na família, na convivência com elas mesmas. Suas culturas, religiões ou mitos que as envolviam.

6 REFERÊNCIAS

ALTUNA, Raul Ruiz de Asúa. Cultura Tradicional Banta. Angola. Ed. Paulinas, 2006, p. 596.

ALEHEGN, Tseday. Rainhas, espiãs e soldados: A história das mulheres Etíopes nas atividades militares. Disponível em: http://www.africaeficanidades.com/historia. Acesso em: 24/03/2011.

OGOT, B.A. História Geral da África. UNESCO. Vol. V, p. 1057-1058.

SADIQI, Fátima. Estereótipos e Mulher na Cultura Marroquina. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?scrit=sci_abtrat&pid=so104

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